quinta-feira, 22 de maio de 2014

Coisas muito loucas dessa greve

- A Globo está fazendo cobertura especial ao vivo ao longo de toda programação. Como se tivesse um fato novo a cada cinco minutos. Até a novela ficou mais curta ontem (coisa que só acontece em caso de morte de gente “importante” e olhe lá).

- Nunca se ouviu tanto a população na TV para mostrar o óbvio - que a primeira, segunda e a centésima milésima vítima de uma paralisação de setor essencial é quem usa o serviço. Centenas de depoimentos “andei três horas, perdi o trabalho, perdi a consulta”. Como se não fosse assim em TODA greve, em que normalmente pegam um ou dois depoimentos e pronto.

- Nunca as autoridades reagiram tão prontamente em uníssono: “É SABOTAGEM! É GUERRILHA”! Até o prefeito, normalmente desaparecido, CONVOCOU UMA COLETIVA. Foi severo, condenou o movimento, “não se pode prejudicar a população assim, sem avisar”.

- Nunca um promotor do Ministério Público ficou tão irado e veio a público com tanta veemência dizer que “É BADERNA”, é coisa de meia-dúzia, e EXIGIR ação policial para identificar e processar criminalmente os responsáveis. Não foi assim em nenhuma greve de polícias, metroviários, da APEOESP, manifestações de Black Blocs, estudantes universitários ou do MPL. Mesmo quando agrediram, espancaram, destruíram patrimônio público e causaram imenso prejuízo econômico ao comércio e serviços.

(Não aguento, tenho de dar nome ao boi: o Promotor de Habitação e Urbanismo Mauricio Ribeiro Lopes, era IMPLACÁVEL nas suas cobranças à gestão anterior, do outrora inimigo (e hoje aliado) Gilberto Kassab. Exigia o possível, o impossível, o milagroso. Na última reunião com a Secretaria de Habitação antes da posse do Haddad, rasgou a fantasia e esculachou: “Ainda bem que esse governo está terminando”. Esse é o Promotor que NUNCA vi se manifestando sobre atos de vandalismo e violência, bloqueios que impedem o direito de ir-e-vir em estradas, avenidas e marginais. Agora está in-dig-na-do com os abusos e culpa a polícia por não tirar os ônibus da rua e não prender ninguém).

- Manifestação por melhores salários, contra a violência policial, pelo direito à moradia e contra a especulação imobiliária, em protesto contra mais um atropelamento, contra a Copa, contra o capital estrangeiro, a violência contra mulheres e crianças, a corrupção, a impunidade, o técnico do Corinthians: todas acabam ou começam tacando fogo em ônibus. Foram centenas só em 2014. Agora é uma paralisação de ônibus e o máximo que fizeram contra os veículos foi furar pneu.

***
Datafolha soltou uma pesquisa falando que aumentou muito a porcentagem da população que condena as manifestações e dizem que elas mais prejudicam do que beneficiam.

Ponto para os governos e governantes! Bom para a Fifa, os patrocinadores e as emissoras oficiais!

#Valeu Black Blocs, manifestantes abusados, manifestações abusivas! Vocês conseguiram!

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